domingo, 9 de novembro de 2014

...Vida Morrer


...VIDA MORRER

                     

Alguma coisa está no ar

Será o medo da morte?

A coragem de lutar?

Será o triste fim da sorte?

 

Vida que se esvazia

Sem direção ou qualquer sentido

Se esconde alegria

Sentimento esquecido

 

Qual sedenta ânsia

Vontade de sumir

Ir onde ninguém alcança

Ninguém pode sorrir

 

Mas os braços da solidão amiga

Ampara nutre e revigora

Manda embora minha fadiga

Minha inimiga fica lá fora

 

 

Tudo um dia termina

Depois do derradeiro ato

Baixam cortinas

Ignorância dos fatos

Faz do homem sonhador

Imaginar o além

Sei lá seja como for

Assim seja amém

 

Quem quer ser eremita

Vibrante intelectual

Se tua vida finita

Deixa de ser bonita

Prá ser letal

 

Nessa erma solitude

Deserto vagueiam peregrinos

Sonhos de juventude

Devaneios de menino

 

 

 

 

E o céu sempre anil

Sol falso amigo

Vida dentro de um funil

Ampulheta de umbigo

Problemas mil

Sem encontrar abrigo

Acabarei senil

Despido do perigo

Bandido gentil

 

Mocinho bandido

Longe de sua terra

Lembra quão querido

Afeição coração encerra

Sente-se perdido

Soldado pós- guerra

 

Nessas esperanças dúbias

Peito amargo fendido

Promessas núbias

Ao tempo esquecido

 

 

Vida brinde a memória

Qualquer cena vívida

Transforme-se em história

Me abrace solidão

Deixe-me em seu regaço dormir

Minhas lágrimas derramar

Em seu aconchego amor sentir

Mera solidão

Deixe-me enlouquecer

Minha voz sumir

Minha vida morrer.

 

 

Companheira Minha


COMPANHEIRA MINHA

 

“E disse Adão: Esta é agora osso dos meus ossos, e carne da minha carne; esta será chamada mulher, porquanto do homem foi tomada.” (Genesis 2:23)

 

“Disse, porém, Rute: Não me instes para que te abandone, e deixe de seguir-te; porque aonde quer que tu fores irei eu, e onde quer que pousares, ali pousarei eu; o teu povo é o meu povo, o teu Deus é o meu Deus; Onde quer que morreres morrerei eu, e ali serei sepultada. Faça-me assim o SENHOR, e outro tanto, se outra coisa que não seja a morte me separar de ti.” (Rute 1:16,17)

 

“Tu és toda formosa, meu amor, e em ti não há mancha;

Enlevaste-me o coração, minha irmã, minha esposa; enlevaste-me o coração com um dos teus olhares, com um colar do teu pescoço.

Que belos são os teus amores, minha irmã, esposa minha! Quanto melhor é o teu amor do que o vinho! E o aroma dos teus unguentos do que o de todas as especiarias!

Favos de mel manam dos teus lábios, minha esposa! Mel e leite estão debaixo da tua língua, e o cheiro dos teus vestidos é como o cheiro do Líbano.” (Cantares 4:7,9-11)

 

“Muitas mulheres têm procedido virtuosamente, mas tu és, de todas, a mais excelente!” (Provérbios 31:29)

 

És bela para contemplar

Linda ao ser admirada

Única a merecer meu amor

Escolhida pra ser esposa amada

Comparo-te as estrelas

Companheira minha

De muitas és a única

Brilha para seu amado

Seu esplendor és teu tesouro

Joia lapidada

Pingente grandioso

Tua beleza os adorna

E não eles a ti

Nada iguala-te a ti

Companheira minha

Cingi-te e vem para mim

Mostrar-te-ei ao mundo

Como és bela

Companheira minha

Deixa-me ser teu

Ser teu companheiro íntimo

Companheira minha

Deixa-me te amar te amar

Mostrar-te sublime vigor

Eterno amor

Seu homem ser.

Mais uma vez solidão


MAIS UMA VEZ SOLIDÃO

 

Sem razão

Sem ninguém

Sem por que

Sem existência

Tudo é nada

E desse nada é que vemos

O que é o tudo

Não da pra perceber o tamanho

Pois não se mede

Não tem forma

Não tem corpo

Maltrata machuca fere

Mas não se tem dano físico

Sempre estará lá a tocaiar

Sempre a esperar

Com armas que não vemos

Simplesmente sentimos

A dor o resultado

E ficamos calados

Por que desse nada

Não sai nada

Só sua sombra fria

Traz o vulto que persegue

Solidão que cega

Fantasmas que procuram

O temor dentro da noite

Pesadelo acordado

Aquela sombra esquecida

A saudade da loucura

Tudo é solidão

O quarto a cama o mundo

Tudo é ilusão

Pois toda a realidade

Na verdade

Não passa de ficção.

 

Na Beira do Rio


NA BEIRA DO RIO

 

Vou caminhando

Sozinho

Na beira do rio

Sentindo o vento cortar o vazio

De noite

As luzes acessas

Pelas ruas a fio

Vou sem parada

Pensando em você

Você que foi

Pra mim

O tudo o nada

Cabelo se agita

Meu passo acelera

Coração grita

Pensamentos que dilaceram

Que me transformam

Numa simples ovelha

Ou na mais terrível fera

Em cada segundo em cada momento

Sinto um novo mundo

Que me aguarda e espera

Escondo em mim mesmo

Vou caminhando

Somente pra não lembrar você

Vou caminhando

Tentando de esquecer

Vou caminhando

Sozinho

Na beira do rio.

 

 

Tapajós meu Rio

Ambívio


AMBÍVIO

                     

Sempre definições doloridas

Encruzilhada maldito ambívio

Caminhos sendas veredas esquecidas

Ressuscitadas nesse crucial momento

Essa inescrutável vida

Me relega tormento

Destino quase cruel

Da existência mero inferno

Descobrir num encantamento

Que desde o céu

Grandioso firmamento

Sou insígnio réu

Fadado ao esquecimento

 

E se insisto em viver

Ao mundo mostrar

Que existo quem eu sou

Mundo faz-me sofrer

Minhas lagrimas revelar

É por que tenho chances de sobreviver

Ao mundo que quer me sufocar

Minha pequena natureza

Quantas vezes mostrou-se grande

Nesse lamaçal de dificuldades

Elementos de rara proeza

Afloram de verdade

Aceitam-me com certeza

Minha natureza minha eternidade

 

E eis me aqui novamente

Na luta contra todos os mortais

Alguns megeros repelentes

Alguns também imortais

Desejo ser o próprio ausente

Não querer minha existência

Simplesmente olhar prá trás

Esquecer languida consciência

Viver na inércia do jamais

Talvez tentar minha sorte

Descanso eterno eterna paz

Nos ambívios da morte.

 

 

 

sábado, 27 de setembro de 2014

VIVA

VIVA

“Uma grande praga filosófica do século XX, que certamente nos acompanhará no novo
milênio, é a do sentimento generalizado, da falta de objetivo pessoal. Tantas pessoas carecem de um senso de objetivo ou significado em suas vidas que essa falta passou a
parecer normal. Mas poucos são felizes dessa maneira. Geralmente não nos satisfazemos com a ideia de que a nossa vida e o nosso mundo são completamente acidentais e sem pé nem cabeça. Quanto mais olhamos nessa direção sem encontrar nenhuma outra explicação, mais difícil é suportar. Os existencialistas são culpados somente em parte. Eram tão interessantes — reunindo-se na Rive Gauche, fumando cigarros, tendo pensamentos profundos, escrevinhando filosofia e poesia nos guardanapos e toalhas de mesa. Os existencialistas eram realmente insuperáveis em fazer parecer romântico matar Deus e se lançar no abismo.” (Lou Marinoff)

Hoje assim com em todos os tempos pensadores debruçaram sobre o objetivo da vida. E o único é viver, não viver com o sentido de respirar, mas de usufruir da vida momentos de felicidade capaz de guardarmos como recordação e nos trazer prazer como recompensa.

- Onde estou? Para onde vou? Onde tenho que chegar? Quem decide isso, é eu ou são os outros? Queremos ou não Sócrates nos fala do pórtico do Templo de Delfos: “Conheci a ti mesmo”. Com certeza para deslocarmos para algum lugar deve-se saber onde se está no mínimo, pois, como planejar qualquer trajetória sem um ponto de partida. É aí que está a questão. A grande maioria não sabe, não quer saber e nem liga prá quem sabe. Mas, sabe reclamar de sua vida, falar da vida dos outros, ainda alegando ao Divino o destino de sua e tantas vidas. – Como deixar de ser objeto? Observável ou observador?

Num Mundo onde se fala do planeta como uma única Aldeia, onde se dissemina a tal globalização, onde querem padronizar a todos e aqueles contraditórios são tidos como anormais; quem levantará a bandeira do esclarecimento. O mundo real ficou na cabeça de Platão somente e a sociedade perfeita em sua República. Nesse mundo que vivemos as coisas são para nós multifacetadas e relativas às incertezas dos momentos, ou seja, um caos, em cada um tem o direito de ter o seu próprio. – Então como saber administrar tudo isso? De certa forma todos criam e administram suas expectativas e se realizam ou não, se trazem vitórias ou não, causam estresse ou não, é como respondemos a cada expectativa aventada.

Nessa colmeia gigante, global; - quem és? Nesse mundo seria você; os operários, seria os zangões, seria a dominante? Esta perto de saber onde está? Está satisfeito onde estás? Se não, vai para onde? Bem só se está perdido se não souber onde estás. Agora você sabe. Não está em nenhum lugar e está. É mais ou menos de ser e não ser um devir eterno. Um limbo permanente. Isto com certeza não é viver nem sobreviver, na cadeia evolutiva você produz não somente para comer existe algumas sobras, sobra tempo para mais, é agora vou enveredar, vou descobrir vou criar caminhos fora do destino, vou eu mesmo ser um desbravador de vidas de minha vida, ir mais e além, isso é dar sentido para o amanhã, isso é viver, isso é dar a vida sinais de existência, isso é saber onde se está e traçar um rumo para a vida, isso é sair da inércia, isso é mostrar ao mundo eu vivo observem.

Não espere, aja. Viva. Não relegue aos outros ou a uma divindade seu fracasso. Lute até seu último respiro tem-se uma estrada e é longa, então desfrute da paisagem.

VIVA.


Lourival Caetano

domingo, 14 de setembro de 2014

Julgaste partir

Julgaste partir
No dia em que julgaste partir
Deixaste um vazio
A alvorada estava muda
Os pássaros estavam mudos
O mundo emudeceu
Nós emudecemos
- Qual forças usaste?
- Cadê as palavras?
- Cadê os sentidos?
- Cadê os por quês?
- Cadê todo mundo?
Ficaste tu somente
Assim como almejaste

No dia em que julgaste partir
Outras lágrimas não desejaste
Somente as tuas te consolaram
Ninguém a verte
Contigo ficou
A última expressão
A última palavra
A última lágrima
O último fôlego
Derradeiro ato
Sucumbiste ali sozinha
Assim ansiaste

No dia em que julgaste partir
O que inevitavelmente querias foste
Sem mancha
Sem mácula
Com a vida brincaste
A esperança ignoraste
E a vida feneceu
Nem sequer um adeus
Definitivamente o fio cortaste
O frio almejaste
Nem calor
Nem amor
A eterna escuridão conseguiste
Da luz fugiste
Sua voz calou
Tolheste a razão
No futuro não pensaste

No dia em que julgaste partir
Que vida olvidaste
Flor que secou
Assim também seu rebento
Sua morada encontraste
Nenhuma lembrança
Agora só a dor
Eterna criança
- Quem consolaste?
Assim se deu
A morte envidaste
- Quantas vezes tentaste?
- O que lograste?
Minhas lágrimas
Receba meu singelo adeus
Tardio adeus

No dia em que partir julgaste.